quinta-feira, 2 de julho de 2009

Brigar pra que, pelo que?

Direto do Greenpeace...

Os ruralistas do Pará não querem o debate

Depois de ouvir horas impropérios de ruralistas em Brasília, Greenpeace desiste de ir à Belém para discutir o relatório do gado. Deputados do Pará querem ganhar no grito
O Greenpeaace decidiu, na manhã de hoje, não enviar nenhum representante à audiência pública da comissão de agricultura do Senado, que será realizada hoje, às 15 horas, não em Brasília, mas na Assembleia Legislativa do Pará, em Belém. A audiência foi convocada para discutir o conteúdo do relatório ‘A Farra do Boi na Amazônia’, lançado pelo Greenpeace no início de junho. Infelizmente, o Greenpeace, depois de passar seis horas ontem, dia 1ª de julho, na comissão de meio ambiente da Câmara dos Deputados para debater o tema da rastreabilidade da produção de carne – um dos pontos levantados pelo nosso relatório – percebeu que a bancada ruralista do Pará não quer discussão.

Durante três horas seguidas, os deputados paraenses, os únicos presentes em peso à reunião da comissão na Câmara, limitaram-se a vociferar insultos e ofensas contra o Greenpeace. Bateram no peito para berrar que a Ong deveria ser expulsa do país, desfiaram ameaças e se enrolaram na bandeira nacional para defender o desmatamento. Mas em nem um momento sequer, se dispuseram a discutir as denúncias que fazem parte do relatório divulgado pelo Greenpeace, um sinal claro de que seu conteúdo é um retrato fiel da situação do gado na Amazônia em geral, e no Pará em particular.

Os ruralistas sequer aceitaram discutir com os representantes do Ministério Público Federal presente à audiência na Câmara, a ação recentemente impetrada pelos procuradores para combater a ilegalidade que ronda a produção da carne no Pará. Os deputados reclamaram de injustiça e clamaram para que o MPF suspendesse ou retirasse a ação. Houve deputado que ameaçou os procuradores com processo e pedido de perda de função.

Diante do que aconteceu ontem, o Greenpeace considerou inútil comparecer à audiência de hoje em Belém. A perspectiva era a de ficar horas ouvindo novamente ameaças e impropérios de políticos que estão apenas interessados em posar para seus currais eleitorais no Pará. Além disso, havia também uma preocupação com a segurança de todos os participantes da audiência em Belém. Os sindicatos rurais do estado e a Federação de Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) estavam convocando, com tons hostis, manifestações para hoje na capital paraense.

Levando-se em conta a virulência do discurso dos deputados ruralistas ontem na Câmara, o Greenpeace foi obrigado a considerar a possibilidade de haver violência. A direção da Ong enviou ofício ao governo estadual pedindo garantias e reforço policial. Não obteve resposta. O presidente da comissão de agricultura do Senado, Valter Pereira (PMDB-MS), também não tinha obtido, até o meio da tarde de ontem, qualquer resposta do governo estadual sobre a questão da segurança em torno da reunião.

O Greenpeace reitera que continua aberto ao debate sobre meios para modernizar a indústria da carne brasileira, afim de prepará-la para uma competição cada vez mais renhida por mercados internacionais e evitar que o gado continue a ser o principal vetor de desmatamento na Amazônia.Pressione o governo brasileiro a adotar o Desmatamento Zero. Assine nossa petição!

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