terça-feira, 28 de julho de 2009

Quedelhe a água?


A mais ou menos dois anos atrás, comecei a repensar de maneira profunda minha atividade profissional. Sentia uma necessidade de devolver à sociedade seu financiamento depositado através dos meus estudos de Engenharia Química numa Universidade Pública. E comecei a pensar em que segmentos meu conhecimento e habilidades teriam alguma relevância. Desse dia, saíram minhas áreas de interesse em atuar. E coloquei em primeiro lugar, num ranking de três, a área de conhecimento e recurso que a meu ver é o DNA da nossa diversidade.
Não é a toa que as pretensões de colonização extraterrestres da Nasa correm atrás da necessidade de uma constatação "vital": a existência de fontes de água, em qualquer estado físico. Esta pequena maravilha tri-atômica resultado da combinação de Oxigênio e Hidrogênio, carrega particularidades físico-químicas que permitem tecer a tênue linha da vida como ela é em nosso planeta. Seu comportamento anômalo, comparado a outras moléculas semelhantes como o sulfeto de Hidrogênio (H2S) da mesma família, permitiu fenômenos que foram altamente benéficos para o desenvolvimento da vida. Só pra citar um, o fato do gelo (seu estado sólido, só pra ressaltar) flutuar e não afundar, como seria de se prever por lógica, permitiu que durante a formação dos mares, uma capa protetora contra os raios ultravioletas viabilizasse o tempo e espaço para o desenvolvimento da vida no mar. Poderia ficar falando de várias e maravilhosas anomalias físico-químicas que permitiram o início de mecanismos de desenvolvimento na vida na Terra. Mas quero nesta resenha, dar um panorama rápido de como está nossa relação com este maravilhoso elemento.
Nossa dependência da água é transformada a aproximadamente 12.000 anos atrás, com a fixação do homem à terra, e início da agricultura. Em busca de alternativas energéticas, fomos obrigados, devido a uma seca de mais de 1.000 anos (Armas, Germes e Aço - Jared Diamond - 1997), a buscar outros alimentos que não oriundos da caça. O Homo sapiens começava de maneira sistemática a interferir na evolução genética dos seres vivos ao segregar e estimular o plantio de grãos que lhe traziam benefícios em sua dieta. O trigo e a cevada, presentes no Crescente Fértil, foram e ainda são os grãos que complementaram a nossa busca vitamínica e calórica. Criamos os pequenos e transformados ecossistemas que viriam a ser as pequenas plantações agrícolas e criadouros de suínos (M. Rosenberg - Un. Delaware). Em nossa iniciativa de domesticar plantas e animais, sentimos a óbvia necessidade de retirar do meio doses extras de água, acima da até então usada pra atender nossas necessidades metabólicas como indívíduos. Desde então até os dias de hoje, nosso consumo desse bem natural passou a ter um peso significativo no nosso meio de vida moderno. E está ligado intensamente à nossa produção de alimentos. Nossa distribuição de uso da água doce do planeta, segundo a ONU, é de 70% para a Agricultura, 20% para a Produção Industrial e 10% para consumo humano direto. E como já citei na minha outra resenha sobre a nossa sede energética que mantém nosso status moderno de civilização, há um novo concorrente nesta distribuição: a pressão dos biocombustíveis, na busca por fontes alternativas aos combustíveis fósseis.
Bom, não deveríamos preocuparnos, já que, apesar do nome por nós dado a este incrível planeta ser Terra, dois terços de sua superfície ser composta de água. Mas desses 1,6 bilhões de Km3, apenas 2,7% aproximadamente é água doce (OMS). Apenas 0,3% está disponível de maneira mais ou menos fácil pra uso, na forma de rios, lagos ou lençois subterrâneos de até 750 metros de profundidade. Com um forte agravante: estamos poluindo essa quantidade em tempos recordes. Nossa disponibilidade de água doce está diminuindo ao mesmo tempo que nossas necessidades por ela crescem exponencialmente junto à nossa explosão demográfica. O fenômeno do aquecimento global (independente do causador) traz mais uma incógnita a nossa capacidade de planejamento: mares inteiros de água doce estão neste momento evaporando e sendo carregados para longe de nossas expectativas de extração. Todo o ciclo hidrológico está vivendo um período de stress e as reservas estão sendo consumidas e não renovadas em suas fontes.
Segundo a OMS, dois quintos da população mundial não têm acesso ao saneamento básico, levando a epidemias em massa de doenças transmissíveis pela água. Metade dos leitos de hospitais do mundo está ocupada por pessoas com doenças propagadas pela água e de fácil prevenção segundo a própria entidade. A água contaminada é uma das causas de 80% de todas as enfermidades e doenças do mundo. Segundo Maude Barlow (Água, Pacto Azul, 2007, ed M Books, "na última década, o número de crianças mortas por diarréia ultrapassou o número de pessoas mortas em todos os conflitos armados DESDE a Segunda Guerra Mundial." A cada oito segundo, uma criança morre por beber água suja, e um bilhão de pessoas não tem acesso a água potável.
Essa disparidade não é democrática também. Segundo a OMS, o ser humano necessita de 50 litros/dia/hab para beber, cozinhar e fazer sua higiene. O norte-americano usa quase 600 litros/dia. O africano, 6 litros/dia. As fracas políticas públicas dos países em desenvolvimento também mostra seus pífios resultados: apenas 2% da água residual da América Latina recebe algum tratamento, e mais de 700 milhões de indianos não têm saneamento básico adequado. Na China, 80% dos principais rios estão em tal estado de degeneração que não apresentam mais condições para a vida aqúatica, e 90% de todas as águas subterrâneas sob as principais cidades está contaminado. Dos 25 países do mundo com a pior "oferta" de água limpa, 19 são africanos. Por conta desse panorama, milhares de angolanos morreram de uma epidemia de cólera em 2006.
Nesse pintura do holocausto, há os que apostem em soluções tecnológicas como a dessalinização por exemplo. Há de se colocar na conta das soluções, o dispêndio energético para que soluções como essas sejam minimamente viáveis. Existe o custo entrópico para que a Osmose Reversa aconteça e transforme agua salgada em água doce. Isso custa muitos mais dólares/m3 que os métodos mais convencionais usados por enquanto. Além disso, deve ser somados os custos da distribuição e manutenção das redes. Lembro-me de ter participado de uma apresentação da Suez em 2002, mostrando os resultados da priovatização das Águas de Manaus em seus 2 anos de operação. Seu maior desafio: reverter a quantidade de "gatos" no sistema de abastecimento. Era algo impressionante a quantidade de canos que retiravam água da principal adutora: o conflito social com a multinacional francesa estava escancarado. Apesar de hoje pertencer ao grupo Solvi, dissidentes da antiga Suez aqui no Brasil, ficou claro que as soluções neoliberais de mercado auto-regulatório, não foram suficientes sem o avanço de políticas públicas.
O desafio é imenso, o plano das nações em conjunto com a ONU é fraco. Os resultados são os mostrados. Desse jeito, não haverá explendor tecnológico: poderemos sucumbir antes de nossos antropocêntricos desejos de civilização por tratarmos o primeiro e mais precioso dos bens da vida como uma commodity inesgotável.

(Foto: Lynn Johnson)

segunda-feira, 27 de julho de 2009

O mundo nunca mais será o mesmo

A história de nosso grupo hominídeo, o Homo sapiens, começa entre 250 e 200 mil anos atrás, no Paleolítico inferior . As fontes de estudo ainda nos dão esta "pequena" margem de 50 mil anos de imprecisão. Convenhamos que com 50 mil anos e nossos neurônios, seríamos capazes de realizar muitas coisas. Mas na pré-infância de nossa humanidade, nossa relação com a natureza e a termodinâmica era muito diferente da atual (Arqueologia das Primeiras Culturas, John Gowlet,p 60). Como caçadores-coletores, dependíamos quase que exclusivamente da energia dos nossos músculos, auxiliados por ferramentas de pedra que herdamos intelectualmente de nossos parentes ancestrais Australopithecus, que surgiram a aproximadamente 2,5 milhões de anos atrás, no início do Paleolítico (K. Kris Hirst, Archaeology Guide). Nossa condição de sobrevivência se refletiu no número de indivíduos ao longo do tempo. Mas não quero me ater, nesta discussão, aos processos evolutivos da nossa espécie, num emaranhado de explicações antropológicas. Meu desafio aqui é traçar um paralelo entre nossa relação de crescimento demográfico e domínio das fontes energéticas. E para isso, vou simplificar nossa pacata coexistência com os recursos presentes na natureza, nosso modo de vida baseado na caça e coleta dos últimos 100.000 anos e nosso avanço energético a 12.000 anos atrás, berço de nossa civilização.
Nosso modo de vida é radicalmente transformado a aproximadamente 12.000 anos atrás, quando passamos de nômades caçadores-coletores a sedentários agricultores suíno-pecuaristas. Isso não se deu ao acaso e nem por lógica. Segundo Jared Diamond (Guns, Germs, and Steel: The Fates of Human Societies- 1997), uma provável e terrível seca de mais de 1.000 anos, no Crescente Fértil (atual Iraque), forçou as tribos caçadoras a buscar alternativas "energéticas" alimentares em meio a uma escassez de animais e plantas. Isso nos forçou ao advento da agricultura. Primeiramente plantando como complemento à caça, e num segundo momento, fixando-nos à terra e domesticando mamíferos pra nossa alimentação (suínos, segundo o arqueologista Dr. Michael Rosenberg da Universidade de Delaware). Os primórdios de nossa agricultura embasaram-se em nossa força e ferramentas, e logo, lançamos mão da força animal com o gado e cavalo domesticados (Saltini Antonio, Storia delle Scienze Agrarie, 4 voll., Bologna 1984-89).Nossa relação com a disponibilidade energética se multiplicou, e conseguimos uma maior eficiência na produção de alimentos, o que nos permitiu a organização em castas e uma explosão demográfica contínua e ininterrupta. Seguem-se as grandes civilizações, que ainda assim, embasavam seu modelo produtivo em uma matriz energética animal-escravocrata. Apesar de fontes alternativas como a madeira terem sido utilizadas para a produção de energia e produção de bens, de maneira sistemática durante toda a nossa história, nossa matriz energética não teve mudanças profundas até o advento dos combustíveis fósseis nos primórdios da revolução industrial. Segundo David Price, em 1995, "a energia extrasomática usada pelas pessoas por todo o mundo representa o trabalho de cerca de 280 mil milhões de homens. Ou seja, é como se cada homem, cada mulher, e cada criança em todo o mundo tivessem 50 escravos. Numa sociedade tecnológica, como os Estados Unidos, cada pessoa tem mais de 200 desses tais 'escravos fantasma'.".
Para fazermos um paralelo entre o nosso sucesso em termos de indivíduos e sua associação à disponibilidade energética, vou citar um ponto de referência na nossa pré-história. Segundo Stephen Oppenheimer (Out of Eden / the Real Eve - 2003), uma super erupção vulcânica do Monte Toba, Sumatra, a aproximadamente 74.000 anos atrás, teria causado um inverno nuclear de mil anos, cobrindo a India e Paquistão com uma camada de 5 metros de cinzas. Esse evento teria reduzido dramaticamente nosso grupo humano a apenas 10.000 adultos. Levaríamos o curso restante da nossa pré-história e mais 2.000 anos da nossa história, para alcançarmos uma população mundial de aproximadamente 5 milhões, no início da agricultura, e 200 a 300 milhões de indivíduos (David Price - Energia e Evolução Humana - 1995) próximo ao nascimento de Cristo, no ano zero. Um número significativo, porém árduo: de 10.000 a 200-300 milhões de seres vivos em 72 mil anos, mas com uma clara explosão demográfica em 8 mil anos. Levamos mais 1650 anos para duplicarmos a população para 500 milhões de habitantes, através de nossa organização social, tecnologias e resistência a doenças. Mas é com o advento do combustível fóssil que a sorte deste grupo dá uma guinada evolutiva. Em 1800, apenas 150 anos após, chegamos à marca de 1 bilhão de habitantes. E em 1930, 130 anos passados, duplicamos de novo. Trinta anos após, em 1960, éramos 3 bilhões.
Nasci em 72. O mundo já havia se enfrentado duas vezes em grandes guerras. Nosso sistema político, tornado-se complexo. Nossa maneira de gerar riqueza, funcionando a todo o vapor, criando a nova e moderna religião econômica. Campos da ciência explodiam em conhecimento, saúde, genética, robótica, astronomia. No ano em que nasci, já éramos 3,8 bilhões (UN report data - 2004). A riqueza associada a nosso sucesso nos trouxe maiores expectativas de vida. Mas toda essa opulência tecnológica tinha um sócio vitalício: a energia. Não é a toa que várias correntes científicas defendem o cunho, estamos vivendo a era energética. Nossa matriz energética atual é basicamente composta de combustíveis fósseis. Os combustíveis fósseis são basicamente, o resultado da captura energética solar, em todo o seu ciclo da pirâmide alimentar, guardado nas profundezas do nosso planeta, como resultado da transformação da energia contida nos fótons em hidrocarbonetos. Na nossa adolescência energética, a 300 anos atrás, abrimos a caixa de Pandora e descobrimos a energia barata e abundante. Aprendemos a coletá-la, transmiti-la e armazená-la de diversas formas para que a utilizássemos como nos conviesse. Chegamos, através disso, a aurora genética. Nosso domínio da energia, produção de alimentos e geração de riqueza nos trouxe até aqui. Somando-se todos os cientistas da humanidade em nossa história até o início do século XX, não são páreos os números para a quantidade de cientistas vivos produzindo conhecimento neste instante.Os números não mentem, no transcorrer destes meus 37 anos vividos em nosso planeta, assisti e continuo vivenciando os sucessos e desafios decorrentes deles: já somamos 6.774.020.072 humanos segundo a ONG CountTheWorld. Quase 3 bilhões a mais desde que nasci ou quase o dobro. Nunca na nossa história tivemos um patamar parecido. Nunca também multiplicamos exponencialmente nesta velocidade nossa necessidade de manter a razão energética por habitante e conseguir recursos naturais para manter nossa fome egocêntrica. Aonde esta curva nos levará? Senão a um colapso ou uma política de danos aceitável, Raymond Kurzweil, inventor e futurista norte-americano renomável, dá as nuances de nossa pintura em seu livro “Fantastic Voyage: Live Long Enough to Live Forever”: nos próximos 20 a 50 anos, nosso mundo verá transformações significativas, como as do século XX inteiro, acontecerem 32 vezes. Pois é, quem viver, verá.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Matas legais

É coisa do passado, eu sei. Mas parece que quando se fala em desenvolvimento sustentável, infelizmente uma maioria arrebatadora enxerga esse conceito como vanguardista ou utópico. Por várias razões e interesses (muito deles obscuros), a consciência popular ainda não consegue ver a diferença entre crescimento e desenvolvimento. E a classe política apenas ajuda a confundir. É o caso do novo código ambiental catarinense, que dentre outros absurdos, promulgou a lei que permite a redução do corredor das matas ciliares de 30 metros para 5 metros (ou seja, uma árvore de largura) e a isenção do reflorestamento dos 20% da reserva legal num período de 20 anos (como está no Código Florestal Nacional, de 1965). Tudo isso com o pano de fundo da "necessidade" de desenvolvimento do estado. Balela e confusão. O setor de Papel e Celulose, agente do agribusiness através de plantios de monocultura de pinus e eucalipto, já sabem, depois de anos de estudo, que promover a biodiversidade é benéfico para seu negócio. A criação de RPPNs e APPs ajuda no controle de pragas, fator vivo nas monoculturas. Nada como deixar que a natureza dê uma mãozinha. Esses exemplos vêm ano a ano ganhando hectares em todas as corporações do setor da celulose brasileiro. Abaixo, um exemplo nesse sentido advindo do grupo Klabin. Serve para mostrar que político safado e burro, chega a dar um punhado suficiente pra mudar a lei. Talvez esteja na hora de prestarem atenção que eles estão ideológica e tecnologicamente afastando-se cada vez mais dos resultados do desenvolvimento. Se até a indústria já está percorrendo o caminho inverso, fica de novo a pergunta: quem é que eles estão representando?

Klabin comemora resultados do Matas Legais

09/07/2009 - O Programa Matas Legais, iniciativa da parceria entre a Klabin, maior produtora e exportadora de papéis do Brasil, e a ONG Apremavi (Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida), completa o primeiro ano de atividades no Paraná com importantes resultados para o meio ambiente. De seu lançamento, em junho de 2008, até maio deste ano, o Programa já distribuiu mais de 79 mil mudas de espécies nativas, quantidade suficiente para recuperar mais de 30 hectares de matas, e promoveu a demarcação de 188 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs), uma das prioridades do Programa.As mudas de espécies nativas distribuídas a partir de setembro do ano passado foram plantadas em 212 propriedades rurais paranaenses após a etapa de estudo e mapeamento das áreas. As propriedades desta fase do Programa são localizadas nos municípios de Curiúva, Sapopema, São Jerônimo da Serra, Congonhinhas, Figueira e Ibaití. Também nos municípios de Reserva e Ventania algumas propriedades receberam projetos-pilotos especiais do Programa.Por meio do Programa Matas Legais, os pequenos e médios produtores rurais recebem a orientação para planejar suas propriedades em atendimento à legislação ambiental. Eles também aprendem a conciliar a formação de matas ciliares saudáveis e a recuperação de áreas degradadas com a prática de outras atividades agrícolas produtivas. Este modelo sustentável contribui para o equilíbrio do ecossistema local e para o aprimoramento das atividades de florestas plantadas. O objetivo é, nos próximos anos, estender as atividades do Matas Legais para os demais produtores rurais já integrantes do Programa de Fomento Florestal da Klabin no estado.A assistência técnica é realizada em campo pela equipe de profissionais da Apremavi. “Além dos benefícios ambientais, há aspectos econômicos e sociais de imensa relevância pois o Matas Legais permite geração de renda aos produtores e a preservação do meio ambiente”, enfatiza Miriam Prochnow, coordenadora de Políticas Públicas da Apremavi. “Os resultados demonstram que é possível colocar em prática a legislação ambiental aliada à sustenatbildiade”, finaliza. Miriam explica que muitos integrantes do Programa são de assentamentos, que passam a adotar um modelo sustentável. Um bom exemplo é a propriedade de Augustinho Fernandes Quevedo, no assentamento Paulo Freire, em São Jerônimo da Serra. “O Matas Legais é muito importante para que o agricultor possa ter fazer seu trabalho e ter sua renda de uma forma correta. Hoje, trabalho com leite, milho, soja, trigo e tenho 4,5 alqueires de florestas plantadas na minha propriedade”, diz. “E desde que entrei no Programa, plantei mais 400 mudas de espécies nativas. Se todos fizerem a sua parte, o meio ambiente é que sai ganhando”, completa.De acordo com Carlos Mendes, gerente de Pesquisa e Planejamento Florestal da Klabin, o programa também inclui ações de educação ambiental. “Trabalhar a consciência ecológica das comunidades é uma importante iniciativa para a conservação do patrimônio natural paranense, principalmente no longo prazo”, completa. O programa incentiva a preservação da Mata Atlântica e a introdução de espécies como araucária, imbuia, canela-preta, sassafrás, cedro, canjerana, ipê-amarelo, ipê-roxo, entre outras, sendo algumas delas ameçadas de extinção. “A recuperação das matas ciliares permite a formação dos corredores ecológicos de matas nativas, que, por sua vez, favorecem a manutenção e incremento da biodiversidade local”, explica.A iniciativa está em sintonia com a Política de Sustentabilidade da Klabin, pela qual a empresa se compromete a assegurar o abastecimento de madeira plantada para suas fábricas de forma sustentada, preservando os ecossistemas naturais associados. “A companhia aposta no Programa Matas Legais, em parceria com a Apremavi, e em seus benefícios para o meio ambiente e para as comunidades. Assim, trazemos o meio rural e suas comunidades para participar de nossa cadeia produtiva de forma sustentável”, finaliza Mendes. Celulose Online.

Planejou com o Lula...

Brasil Ecodiesel fecha usina no Ceará

A usina de biodiesel da Brasil Ecodiesel, em Crateús, no sertão central cearense, fechou suas portas por problemas financeiros e ambientais. Inaugurada, em janeiro de 2007, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a unidade estava parada havia seis meses.
O fechamento da unidade foi anunciado, na última sexta-feira (10), na Assembleia Legislativa do Ceará, pelo deputado Hermínio Resende, que afirmou que a empresa estaria inclusive com as contas de água e luz atrasadas.
De acordo com o prefeito de Crateús, Carlos Felipe Saraiva Bezerra, a empresa teve seus problemas agravados com a queda do valor das ações na Bolsa de Valores, que no começo eram avaliadas em R$ 12 e agora estavam custando apenas R$ 0,80.
Problemas financeiros
A usina tinha capacidade instalada de produção para 10 milhões de litros de óleo por mês, mas, desde sua inauguração apresentava problemas em adquirir matéria-prima.
Amparada no programa do governo federal de desenvolvimento do biodiesel, a usina deveria incentivar a produção de mamona no sertão cearense. Para cada hectare plantado, a usina recebia R$ 200. Mas, apesar dos subsídios recebidos, a empresa sequer conseguia pagar o preço mínimo do quilo da baga do produto aos pequenos agricultores da região. Como o plantio de mamona não deslanchou no município, a unidade passou a adquirir, então, soja e dendê no Piauí e na Bahia.
Na opinião do presidente da Ematerce (Empresa de Assistência Técnica e Extensão do Ceará), José Maria Pimenta, o problema financeiro provocou o fechamento da usina. "Nenhuma empresa fecha se estiver dando lucro", comentou.
Com informações da Agência Estado
Fonte: Campo News

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Brigar pra que, pelo que?

Direto do Greenpeace...

Os ruralistas do Pará não querem o debate

Depois de ouvir horas impropérios de ruralistas em Brasília, Greenpeace desiste de ir à Belém para discutir o relatório do gado. Deputados do Pará querem ganhar no grito
O Greenpeaace decidiu, na manhã de hoje, não enviar nenhum representante à audiência pública da comissão de agricultura do Senado, que será realizada hoje, às 15 horas, não em Brasília, mas na Assembleia Legislativa do Pará, em Belém. A audiência foi convocada para discutir o conteúdo do relatório ‘A Farra do Boi na Amazônia’, lançado pelo Greenpeace no início de junho. Infelizmente, o Greenpeace, depois de passar seis horas ontem, dia 1ª de julho, na comissão de meio ambiente da Câmara dos Deputados para debater o tema da rastreabilidade da produção de carne – um dos pontos levantados pelo nosso relatório – percebeu que a bancada ruralista do Pará não quer discussão.

Durante três horas seguidas, os deputados paraenses, os únicos presentes em peso à reunião da comissão na Câmara, limitaram-se a vociferar insultos e ofensas contra o Greenpeace. Bateram no peito para berrar que a Ong deveria ser expulsa do país, desfiaram ameaças e se enrolaram na bandeira nacional para defender o desmatamento. Mas em nem um momento sequer, se dispuseram a discutir as denúncias que fazem parte do relatório divulgado pelo Greenpeace, um sinal claro de que seu conteúdo é um retrato fiel da situação do gado na Amazônia em geral, e no Pará em particular.

Os ruralistas sequer aceitaram discutir com os representantes do Ministério Público Federal presente à audiência na Câmara, a ação recentemente impetrada pelos procuradores para combater a ilegalidade que ronda a produção da carne no Pará. Os deputados reclamaram de injustiça e clamaram para que o MPF suspendesse ou retirasse a ação. Houve deputado que ameaçou os procuradores com processo e pedido de perda de função.

Diante do que aconteceu ontem, o Greenpeace considerou inútil comparecer à audiência de hoje em Belém. A perspectiva era a de ficar horas ouvindo novamente ameaças e impropérios de políticos que estão apenas interessados em posar para seus currais eleitorais no Pará. Além disso, havia também uma preocupação com a segurança de todos os participantes da audiência em Belém. Os sindicatos rurais do estado e a Federação de Agricultura e Pecuária do Pará (Faepa) estavam convocando, com tons hostis, manifestações para hoje na capital paraense.

Levando-se em conta a virulência do discurso dos deputados ruralistas ontem na Câmara, o Greenpeace foi obrigado a considerar a possibilidade de haver violência. A direção da Ong enviou ofício ao governo estadual pedindo garantias e reforço policial. Não obteve resposta. O presidente da comissão de agricultura do Senado, Valter Pereira (PMDB-MS), também não tinha obtido, até o meio da tarde de ontem, qualquer resposta do governo estadual sobre a questão da segurança em torno da reunião.

O Greenpeace reitera que continua aberto ao debate sobre meios para modernizar a indústria da carne brasileira, afim de prepará-la para uma competição cada vez mais renhida por mercados internacionais e evitar que o gado continue a ser o principal vetor de desmatamento na Amazônia.Pressione o governo brasileiro a adotar o Desmatamento Zero. Assine nossa petição!