quarta-feira, 29 de abril de 2009

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Papel Reciclado para Escrita e Impressão: Fora de Moda?


Hoje o Rômulo me mandou um link sobre a inversão de mercado (no Brasil) do papel A4 para impressão reciclado e o mesmo formato Certificado. Segundo a blogueira preferida do Rômulo Andrea Vialli, do Estadão, "O consumo de papel reciclado - que já foi considerado símbolo do "ecologicamente correto"-, está em queda. Aos poucos, seu uso está sendo substituído por papéis com outros selos de sustentabilidade, como o FSC, que atesta que o produto vem de florestas plantadas, e o Carbon Footprint - que informa ao consumidor o total de carbono que o produto emite na atmosfera." Ao utilizar-se reciclado na receita, uma vez que é impossível atestar a procedência da apara de papel somado à mistura de papéis pós-consumo, não é possível para o fabricante utilizar certificações como FSC (Forest Stewardship Council), o qual atesta o correto manejo florestal das árvores utilizadas na fabricação da celulose. Os apelos de marketing ao consumidor são diferentes mas ambos "ecologicamente" corretos. O primeiro (reciclado) já passa a idéia de redução de necessidade de recursos naturais e é marrom, o segundo, leva consigo 1 ou duas certificações, que também tem peso, porém continua sendo branquinho, guerra que já fez elevar a alvura dos papéis em busca de diferenciação a alguns anos atrás. As grandes fabricantes da commoditie estão apenas se utilizando de um selo, que atesta práticas de manejo utilizadas por elas a muito tempo em realidade. São apostas de marketing que convém para alguns fabricantes. A VCP por exemplo vivia remoendo-se de inveja por não ter lançado o reciclado antes da Suzano, a pioneira. O artigo no Estadão atesta: "De olho na demanda por papéis com selo verde, a Votorantim Celulose e Papel (VCP) fez o mapeamento dos gases de efeito estufa do processo de produção de sua fábrica em Jacareí (SP) e será a primeira no País a ostentar o selo Carbon Footprint - além dela, só a fabricante norueguesa Sodra possui a certificação. "O uso de papel com selos de bom manejo florestal já está consolidado. A próxima demanda será pelo selo de emissões de carbono, e nos antecipamos", diz José Luciano Penido, diretor-presidente da VCP.
A Suzano, que detém a maior fatia do mercado de papel reciclado, também já exibe um selo de neutralização das emissões."
Um desses fabricantes (acredito que a própria IP) encomendou um estudo de ACV (Avaliação do Ciclo de Vida) pro pessoal da USP, comparando papel branco e reciclado.
Em termos de emissões de carbono, seria quase leviano ao ponto de dizer que sim o reciclado contribui menos com as emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa), mas só o ACV pode dizer. Pelo conceito dos 3 R’s (reduzir, reutilizar e reciclar) é uma pena que se deixe de reciclar o papel marrom para a escrita, independente da quantidade de CO2 emitida no processo de fabricação, pois igual são necessárias terras e recursos para plantio e fabricação. Soma-se a isso que independente da emissão de CO2, deixa-se de oferecer uma alternativa de renda aos milhares de agentes ambientais (catadores de lixo), impactando no lado "social" da pirâmide da sustentabilidade em detrimento do apelo (se é que ele existe) puramente "ambiental". Claramente, a Natura e Banco Real declaram que o apelo de marketing visual do papel não é mais “diferencial”, o que era óbvio que passada a novidade, não seria mesmo. A principal razão envolvida é o custo mais uma vez: uma resma de 500 folhas Chamex de papel branco A4 (75 g) sai na Kalunga por R$ 12,90, enquanto a mesma quantia do ECO (com reciclado) sai por R$ 14,90 (15% mais caro). As 3 possíveis questões envolvidas nessa diferença de preço podem ser:

- Posicionamento de Marketing e/ou

- Escala menor de produção (a Suzano é a única que tem fábrica exclusiva – Fabrica C – para a produção do Reciclato, aliás, pioneira). Aliado à escala, este não deixa de ser um papel especial, o que causa uma perda de produtividade na troca de fabricação, pois é necessária a limpeza de todo o sistema para voltar a produção do branco, caso a máquina não seja exclusiva.

- O custo da adaptação da fabricação com reciclado e o próprio custo da apara x celulose para as fábricas que possuem sistema integrado (celulose e papel).

De qualquer maneira, uma pena se tudo não passou de “ondinha” de marketing.

domingo, 5 de abril de 2009

Plantando Cidadania


Pois é, finalmente participei arregaçando as mangas, desse lindo projeto que é o "Plantando Cidadania", do SOS Mata Atlântica. Das ONGs mais pop's do Brazil baronil, diria que o SOS está junto no pódio com o Greenpeace e WWF. Cada um com sua linha, e digamos que ambientalismos a parte, acabei me engajando no SOS por sua linha principal com respeito ao voluntariado: educação ambiental em escolas carentes da rede pública, localizados principalmente na zona sul de São Paulo. Por que zona sul? Simplesmente porque lá se localizam os principais mananciais de São Paulo, como a Guarapiranga.
Falando um pouco sobre o SOS Mata Atlântica, já que vou acabar colocando mais posts sobre ações no futuro: "A Fundação SOS Mata Atlântica é uma organização não-governamental. Entidade privada, sem vínculos partidários ou religiosos e sem fins lucrativos, foi criada em 1986 e tem como missão defender os remanescentes da Mata Atlântica, valorizar a identidade física e cultural das comunidades humanas que os habitam e conservar os riquíssimos patrimônios natural, histórico e cultural dessas regiões, buscando o seu desenvolvimento sustentado.".
Uma vez por mês, o Mata vai a uma escola previamente agendada, no qual se discutem as demandas da escola em termos de cidadania e educação ambiental. Nosso grande mestre Beloyanis Monteiro, responsável pela gestão do voluntariado, traz estas demandas para discussão interna onde se traça um plano de ação a ser executado no dia do "Plantando Cidadania" na escola. Várias ações são levadas a cabo no dia, que incluem apresentação de videos, jogos lúdicos que abrangem a coleta seletiva, manufatura de brinquedos com materiais recicláveis, o "túnel dos sentidos", e ações de mutirão de limpeza, pintura da escola e plantio de mudas. A troca de experiências não deixa de ser enorme, não só por ter a interação com as crianças, mas por além disso, serem crianças que vivem e convivem em regiões onde muito há de se fazer para que a cidadania por ali seja uma palavra que faça sentido.
Esta semana, a escola visitada foi a EE Antonio Aggio, liderada pela valente Maria do Ceu. Foram algumas horas de trabalho divertidas e recompensadoras, como não poderiam deixar de ser as horas de voluntariado. Ao final, no tradicional fechamento do evento, num legítimo conselho indígena em roda, escutamos algumas histórias no mínimo pitorescas desta diretora. Também pudera: uma escola inserida numa comunidade chamada Favela Cai-Cai, que ostentava o slogan "entrou aqui, só com o IML sai", não poderia deixar de ter histórias escabrosas, mas que demonstram que em tantos lugares onde o poder público tem até medo de se meter, são pessoas como esta diretora e o corpo de professores que fazem a diferença. E o SOS também.
Uma da coleção de histórias contadas pela Maria do Ceu foi a respeito da recém chegada dela à direção, confrontando uma situação de agressividade e falta de pertinência ao meio estampada nos rostos e atitudes dos alunos. Nesse interim, três membros de uma facção de poder bastante conhecida através dos meios de comunicação (leia-se PCC), vieram colocar à diretora as "regras" para utilização da quadra esportiva:
- "Segunda a segunda, todas as noites, a quadra é nossa. Pode deixar que nós tomamos conta."
E nossa diretora, com voz firme (mas se perguntando "onde isso vai me levar?") respondeu:
- Negativo, segunda a sexta, da escola. Se quiserem, sábado e domingo da "comunidade". Mas é o seguinte hein... nada de drogas, brigas ou confusões aqui dentro. Aprontou eu vou com a polícia na casa de vocês! E agora, preciso ir pois estou atrasada para uma reunião..."
Saiu sentido o calor de um canhão nas costas, mas saiu valente ouvindo "peraí, volte aqui, não terminamos a conversa!", e ela não titubeou: "Tou atrasada. Pensem e se quiserem amanhã voltem..."
No outro dia, eles voltaram, aceitaram os termos e lhe deram razão. Ponto pra Cidadania... e mais um dia de vida pra Maria do Ceu.
Enfim, só indo lá pra sentir o drama, e depositar um pouquinho de amor no coração destes pequenos jovens que merecem mais do todo, e quem sabe, se sintam no direito de serem bons cidadãos, como nós.