terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O velho dilema


O Velho dilema do ovo ou da galinha mais uma vez se coloca como entrave para a sustentabilidade dos nossos processos sociais, econômicos e ambientais. Apesar de pessoalmente acreditar que a pompa que gira em torno do discurso do governo acerca do PAC ser uma grande bravata de mídia sem respaldo de ação e verba orçamentária, o Programa de Aceleração do Crescimento tem grande parte de seus pilares baseados em investimento em infra-estrutura, com uma penca de projetos voltados à região norte, o que é extremamente preocupante. Preocupa sim pois estamos falando em cortar várias partes da Amazônia legal por rodovias para escoamento de produtos, o que fatalmente colocará uma grande pressão ambiental não somente no que tange às obras em si, mas todo o "progresso" ligado a isso: operários, agricultores, acesso à floresta pelos desmatadores, etc. Se haverá dinheiro suficiente para que estas obras sigam seu rumo é o grande ponto de interrogação, agravado pela crise financeira e crédito para tal. Mas confesso que ao ler a notícia anexada abaixo, me perguntei duas vezes se o Ministro Minc, ao sugerir aumento de consumo para que não houvesse corte orçamentário em sua pasta, para poder levar a cabo as análises de impacto ambiental desses mesmos projetos do PAC, estava se pronunciando com algum ou total tom de ironia. A pasta do governo ligada ao ambiente incitando o povo a "consumir muito" parece um contra-senso total, ainda mais vindo do ambientalista Minc. É o velho discurso desenvolvimentista que sempre nos dá a frustrante sensação de não termos alternativas para a equação do consumo (de recursos naturais) para geração de riqueza. Mais uma vez, o que se demonstra é a relevância do projeto de crescimento (in)sustentável do governo por não colocar prioridade ao "como" crescer. Não dá mais pra continuar com o discurso do desenvolvimento sem que isso esteja intimamente atrelado à questão ambiental...

"Minc: corte no Orçamento pode ameaçar obras do PAC

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse hoje que um corte grande no orçamento de sua pasta pode afetar seriamente o andamento das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). "Quanto mais obras, maior a necessidade de licenciamentos e mais gastos temos com deslocamentos pelo Brasil para fazer as avaliações necessárias. Se não tivermos dinheiro, não tem como liberar obras", disse.

Ele disse que, por enquanto, foi anunciado um corte de 10% no orçamento do primeiro trimestre do Ministério do Meio Ambiente, que era de R$ 350 milhões. "Um corte desses dá para ser administrado. Podemos segurar o rojão. Não haverá qualquer comprometimento de projetos. Mas depois vamos torcer para não haver mais corte. Quando eu ouvi que teria que ser cortado 75% quase tive um ataque do coração. Torço para que todos consumam muito para haver aumento na arrecadação, para não precisar haver mais corte", disse Minc em entrevista na inauguração de programa de revitalização ambiental na Ilha do Fundão, no Rio.
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Fonte MSN Notícias (10-02-2009)

3 comentários:

Rômulo disse...

POis é, o nosso Ministro pop-star não se agüenta e sempre tem de querer aparecer. Apesar de em tempos de crise mundial o apelo ambiental cair ainda mais em termos de importância imediata, Minc não é bem o tipo de camrada que se esforça para achar um caminho tecnicamente viável em contraponto à política vigente. Ele sempre será 'voto vencido' para ficar bem entre os que mandam.

Anônimo disse...

Que projeto o caralho, esses Petelhos estão sempre atrás de verbas, independente para que seja.
Cortou o orçamento tem menos para desviar...
TUDO LADRÃO!

Anônimo disse...

Obrigado por Blog intiresny