quarta-feira, 15 de abril de 2009

Papel Reciclado para Escrita e Impressão: Fora de Moda?


Hoje o Rômulo me mandou um link sobre a inversão de mercado (no Brasil) do papel A4 para impressão reciclado e o mesmo formato Certificado. Segundo a blogueira preferida do Rômulo Andrea Vialli, do Estadão, "O consumo de papel reciclado - que já foi considerado símbolo do "ecologicamente correto"-, está em queda. Aos poucos, seu uso está sendo substituído por papéis com outros selos de sustentabilidade, como o FSC, que atesta que o produto vem de florestas plantadas, e o Carbon Footprint - que informa ao consumidor o total de carbono que o produto emite na atmosfera." Ao utilizar-se reciclado na receita, uma vez que é impossível atestar a procedência da apara de papel somado à mistura de papéis pós-consumo, não é possível para o fabricante utilizar certificações como FSC (Forest Stewardship Council), o qual atesta o correto manejo florestal das árvores utilizadas na fabricação da celulose. Os apelos de marketing ao consumidor são diferentes mas ambos "ecologicamente" corretos. O primeiro (reciclado) já passa a idéia de redução de necessidade de recursos naturais e é marrom, o segundo, leva consigo 1 ou duas certificações, que também tem peso, porém continua sendo branquinho, guerra que já fez elevar a alvura dos papéis em busca de diferenciação a alguns anos atrás. As grandes fabricantes da commoditie estão apenas se utilizando de um selo, que atesta práticas de manejo utilizadas por elas a muito tempo em realidade. São apostas de marketing que convém para alguns fabricantes. A VCP por exemplo vivia remoendo-se de inveja por não ter lançado o reciclado antes da Suzano, a pioneira. O artigo no Estadão atesta: "De olho na demanda por papéis com selo verde, a Votorantim Celulose e Papel (VCP) fez o mapeamento dos gases de efeito estufa do processo de produção de sua fábrica em Jacareí (SP) e será a primeira no País a ostentar o selo Carbon Footprint - além dela, só a fabricante norueguesa Sodra possui a certificação. "O uso de papel com selos de bom manejo florestal já está consolidado. A próxima demanda será pelo selo de emissões de carbono, e nos antecipamos", diz José Luciano Penido, diretor-presidente da VCP.
A Suzano, que detém a maior fatia do mercado de papel reciclado, também já exibe um selo de neutralização das emissões."
Um desses fabricantes (acredito que a própria IP) encomendou um estudo de ACV (Avaliação do Ciclo de Vida) pro pessoal da USP, comparando papel branco e reciclado.
Em termos de emissões de carbono, seria quase leviano ao ponto de dizer que sim o reciclado contribui menos com as emissões de GEE (Gases de Efeito Estufa), mas só o ACV pode dizer. Pelo conceito dos 3 R’s (reduzir, reutilizar e reciclar) é uma pena que se deixe de reciclar o papel marrom para a escrita, independente da quantidade de CO2 emitida no processo de fabricação, pois igual são necessárias terras e recursos para plantio e fabricação. Soma-se a isso que independente da emissão de CO2, deixa-se de oferecer uma alternativa de renda aos milhares de agentes ambientais (catadores de lixo), impactando no lado "social" da pirâmide da sustentabilidade em detrimento do apelo (se é que ele existe) puramente "ambiental". Claramente, a Natura e Banco Real declaram que o apelo de marketing visual do papel não é mais “diferencial”, o que era óbvio que passada a novidade, não seria mesmo. A principal razão envolvida é o custo mais uma vez: uma resma de 500 folhas Chamex de papel branco A4 (75 g) sai na Kalunga por R$ 12,90, enquanto a mesma quantia do ECO (com reciclado) sai por R$ 14,90 (15% mais caro). As 3 possíveis questões envolvidas nessa diferença de preço podem ser:

- Posicionamento de Marketing e/ou

- Escala menor de produção (a Suzano é a única que tem fábrica exclusiva – Fabrica C – para a produção do Reciclato, aliás, pioneira). Aliado à escala, este não deixa de ser um papel especial, o que causa uma perda de produtividade na troca de fabricação, pois é necessária a limpeza de todo o sistema para voltar a produção do branco, caso a máquina não seja exclusiva.

- O custo da adaptação da fabricação com reciclado e o próprio custo da apara x celulose para as fábricas que possuem sistema integrado (celulose e papel).

De qualquer maneira, uma pena se tudo não passou de “ondinha” de marketing.

2 comentários:

Anônimo disse...

oi cara vi que vc esteve em superagui em 7/09/07 -nao achei teu email aqui -estou procurado imagens de uma pessoa que estava la tambem e a probabilidade de ter sido filmada é grande principalmente no akdov - meu email é artur.1703@hotmail.com - entre em contato please.
Artur

Rômulo disse...

Ei, calma lá... A blogueira é a preferida do Dimitry, não minha. Acho que concordamos que a adoção de selos referentes apenas à questão de emissões de carbono parece mesmo ser apenas marketing. Um cálculo sério, a ser adotado pelas produtoras, deveria levar em consideração o fato de que reciclar implica em não cortar árvores, não ter um ciclo produtivo tão longo etc e tal. Ou seja, o lado social, como vc bem colocou, não entra na conta, o que é bastante ruim.