domingo, 5 de abril de 2009

Plantando Cidadania


Pois é, finalmente participei arregaçando as mangas, desse lindo projeto que é o "Plantando Cidadania", do SOS Mata Atlântica. Das ONGs mais pop's do Brazil baronil, diria que o SOS está junto no pódio com o Greenpeace e WWF. Cada um com sua linha, e digamos que ambientalismos a parte, acabei me engajando no SOS por sua linha principal com respeito ao voluntariado: educação ambiental em escolas carentes da rede pública, localizados principalmente na zona sul de São Paulo. Por que zona sul? Simplesmente porque lá se localizam os principais mananciais de São Paulo, como a Guarapiranga.
Falando um pouco sobre o SOS Mata Atlântica, já que vou acabar colocando mais posts sobre ações no futuro: "A Fundação SOS Mata Atlântica é uma organização não-governamental. Entidade privada, sem vínculos partidários ou religiosos e sem fins lucrativos, foi criada em 1986 e tem como missão defender os remanescentes da Mata Atlântica, valorizar a identidade física e cultural das comunidades humanas que os habitam e conservar os riquíssimos patrimônios natural, histórico e cultural dessas regiões, buscando o seu desenvolvimento sustentado.".
Uma vez por mês, o Mata vai a uma escola previamente agendada, no qual se discutem as demandas da escola em termos de cidadania e educação ambiental. Nosso grande mestre Beloyanis Monteiro, responsável pela gestão do voluntariado, traz estas demandas para discussão interna onde se traça um plano de ação a ser executado no dia do "Plantando Cidadania" na escola. Várias ações são levadas a cabo no dia, que incluem apresentação de videos, jogos lúdicos que abrangem a coleta seletiva, manufatura de brinquedos com materiais recicláveis, o "túnel dos sentidos", e ações de mutirão de limpeza, pintura da escola e plantio de mudas. A troca de experiências não deixa de ser enorme, não só por ter a interação com as crianças, mas por além disso, serem crianças que vivem e convivem em regiões onde muito há de se fazer para que a cidadania por ali seja uma palavra que faça sentido.
Esta semana, a escola visitada foi a EE Antonio Aggio, liderada pela valente Maria do Ceu. Foram algumas horas de trabalho divertidas e recompensadoras, como não poderiam deixar de ser as horas de voluntariado. Ao final, no tradicional fechamento do evento, num legítimo conselho indígena em roda, escutamos algumas histórias no mínimo pitorescas desta diretora. Também pudera: uma escola inserida numa comunidade chamada Favela Cai-Cai, que ostentava o slogan "entrou aqui, só com o IML sai", não poderia deixar de ter histórias escabrosas, mas que demonstram que em tantos lugares onde o poder público tem até medo de se meter, são pessoas como esta diretora e o corpo de professores que fazem a diferença. E o SOS também.
Uma da coleção de histórias contadas pela Maria do Ceu foi a respeito da recém chegada dela à direção, confrontando uma situação de agressividade e falta de pertinência ao meio estampada nos rostos e atitudes dos alunos. Nesse interim, três membros de uma facção de poder bastante conhecida através dos meios de comunicação (leia-se PCC), vieram colocar à diretora as "regras" para utilização da quadra esportiva:
- "Segunda a segunda, todas as noites, a quadra é nossa. Pode deixar que nós tomamos conta."
E nossa diretora, com voz firme (mas se perguntando "onde isso vai me levar?") respondeu:
- Negativo, segunda a sexta, da escola. Se quiserem, sábado e domingo da "comunidade". Mas é o seguinte hein... nada de drogas, brigas ou confusões aqui dentro. Aprontou eu vou com a polícia na casa de vocês! E agora, preciso ir pois estou atrasada para uma reunião..."
Saiu sentido o calor de um canhão nas costas, mas saiu valente ouvindo "peraí, volte aqui, não terminamos a conversa!", e ela não titubeou: "Tou atrasada. Pensem e se quiserem amanhã voltem..."
No outro dia, eles voltaram, aceitaram os termos e lhe deram razão. Ponto pra Cidadania... e mais um dia de vida pra Maria do Ceu.
Enfim, só indo lá pra sentir o drama, e depositar um pouquinho de amor no coração destes pequenos jovens que merecem mais do todo, e quem sabe, se sintam no direito de serem bons cidadãos, como nós.



2 comentários:

MARCOS BENSOUSSAN disse...

Amigo Iorio, parabens cada dia te admiro mais. Falar é fácil, fazer é o exemplo.

Anônimo disse...

Thanks :)
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